O primeiro artigo desse blog não poderia ser outro, senão um breve comentário sobre o preço da liberdade de opinião.
Somos seres sociais e inevitavelmente vivemos num contexto de um grupo, quer seja familiar, quer seja religioso, quer seja profissional, de hobbies, entre outros. Apesar de vivermos em grupo, temos a necessidade pessoal de emitir opinião e expressar nosso apoio ou contrariedade quanto a determinados fatos e/ou acontecimentos.
Apesar de tudo o que foi dito inicialmente, volta e meia somos privados de manifestar nossa opinião, quer seja por receio de emiti-la ou mesmo por pressão do próprio grupo no qual estamos inseridos. Voltaire já dizia:
Se você quer saber quem domina você, descubra quem você está proibido de criticar.
Quando estive na Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), isso foram 22 anos, desde meus 4 anos de idade, aprendi como uma "lição sagrada": Não questionar os "homens de Deus", ou seja, o que quer que eles falassem ou da maneira que agissem, não poderia me manifestar contrariamente. O máximo que podíamos fazer, de acordo com a orientação, era orar por quem cometeu o ato ou falou coisas indevidas.
É perceptível que a IURD me dominava e domina muita gente. Como pode uma instituição estar acima do bem e do mal? Se eu esboçava uma reação minha mãe ou algum outro membro daquele grupo me repreendia. As coisas ruins não podiam ser comentadas perto de outras pessoas em hipótese alguma. Minha mãe acredita que aqueles que nunca foram ou não conhecem a fundo o sistema da IURD não devem saber das "coisas pesadas" que acontecem ali. É silêncio total. Privação da liberdade de opinião.
Eu dizia para mim mesmo que eu era livre. Mas que liberdade era essa que eu sequer podia questionar o que se fazia de errado na igreja? Que liberdade é essa que você não pode questionar a seu líder e quando questionado é taxado de incrédulo ou endemoniado, mesmo sendo uma pessoa sincera e seguidora das palavras de Cristo?
Algo estava errado. As palavras de Voltaire faziam sentido. Eu estava proibido de criticar porque a IURD me dominava. Dei um basta. Para eu poder dizer o que penso tive que sair, tive que me desligar, pois até mesmo determinados textos da Bíblia eu evitava postar para não bater de frente com a instituição.
A liberdade de opinião tem um preço. No meu caso o preço é ser taxado de "endemoniado", "caído", "arrogante", entre outras coisas.
Tomar a liberdade de opinar requer coragem, requer paciência para ouvir o que não quer. O preço da liberdade de opinião é altíssimo, entretanto, prefiro pagar esse preço a morrer confinado em um sistema opressor e manipulador que não respeita minha opinião.
Rompendo o silêncio.
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